Confira o  podcast   Saudosa Morada  para conhecer mais sobre as casas e as histórias de personalidades que moraram na capital gaúcha

Mario Quintana

Foi um poeta, tradutor e jornalista, nascido em Alegrete (RS), em 1906. Na juventude, mudou-se para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar. Foi na revista da escola que ele começou a publicar seus primeiros escritos. Quintana trabalhou durante anos na Editora Globo como tradutor. Mas também continuou escrevendo suas próprias obras, como poesias e livros infantis. Era conhecido como o "poeta das coisas simples", com um estilo textual marcado pela ironia.

Quintana, que era um homem solitário, viveu em vários hotéis ao longo da vida, como o Hotel Majestic, no qual residiu de 1968 a 1980. Dois anos após, o prédio foi tombado e recebeu o nome de Casa de Cultura Mario Quintana como homenagem ao poeta. Ele faleceu em 1994, aos 87 anos, em decorrência de uma insuficiência respiratória.

Julio de Castilhos

Foi advogado, jornalista e político, nascido no então distrito de Cruz Alta, hoje Julio de Castilhos, em 1860. Presidente do Rio Grande do Sul duas vezes no século XIX, ele foi o líder do positivismo no estado, uma corrente teórica baseada na ideia de progresso contínuo da humanidade. Julio de Castilhos coordenou o jornal ‘A Federação’ entre 1884 e 1889, no qual propagou as ideias republicanas.

A casa onde sua família residiu em Porto Alegre entre 1898 a 1903 virou o Museu Julio de Castilhos, que é considerado o mais antigo museu do Rio Grande do Sul. Ele morreu aos 43 anos, vítima de câncer na garganta.

Caio Fernando Abreu

Caio Fernando Abreu em sua casa em 1996 - Adriana Franciosi/Arquivo pessoal

Nascido em Santiago, Caio Fernando Abreu foi um dos escritores mais populares da literatura brasileira. Autor de obras como ‘Morangos Mofados’ e ‘O Ovo Apunhalado’, é conhecido até os dias de hoje pelo seu estilo único de escrita,  pelo rompimento com a literatura padrão e pela escolha de temáticas consideradas transgressoras. Vítima de HIV, faleceu cedo, aos 47 anos de idade, em Porto Alegre.

A casa onde passou seus últimos anos de vida na capital gaúcha ganhou destaque na imprensa em junho deste ano depois de ser demolida com licença concedida pela prefeitura. O imóvel aparecia como cenário de alguns dos seus textos e, apesar da decisão ter revoltado fãs e leitores assíduos, nada pode ser feito para evitar a destruição já que o prédio não era tombado.

José Lutzenberger

Foto: Arquivo Agencia Brasil/JC

José Antonio Lutzenberger foi um agrônomo, escritor, filósofo e ambientalista brasileiro que participou ativamente na luta pela preservação ambiental. Autor de "O manifesto ecológico brasileiro", trabalhou por muito tempo para empresas que produzem adubos químicos, no Brasil e no exterior. Dedicou-se à natureza e defendeu o desenvolvimento sustentável na agricultura e no uso dos recursos não renováveis.

Participou da fundação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) e criou a Fundação Gaia, que atua na área da educação ambiental e na promoção de tecnologias socialmente compatíveis. Lutzenberger faleceu em 2002, com 75 anos, em Porto Alegre, vítima de parada cardíaca. Três gerações da família moraram na casa de três andares da Santana entre 1932 e 2002.

Fachada do prédio onde morava foi preservada após reforma. O imóvel foi tombado pelo Patrimônio Histórico da Capital em 2012.


Erico Verissimo

Erico Verissimo / Acervo Instituto Moreira Salles

Escritor da segunda fase modernista, Erico Verissimo é um dos mais importantes autores brasileiros do século XX. Nasceu em Cruz Alta (RS) em 1905. Mudou-se para Porto Alegre em 1930 e foi contratado como secretário de redação da Revista do Globo. Também colaborou com o jornal Correio do Povo e foi presidente da Associação Rio-Grandense de Imprensa.

Sua obra pode ser dividida em três fases: romance urbano, romance histórico e romance político. Um de seus livros mais famosos é ‘O Tempo e o Vento’, que conta a história do passado do Rio Grande do Sul. Em 1965, recebeu o Prêmio Jabuti pelo romance ‘O senhor embaixador’. Verissimo faleceu em 1975, com 69 anos, em Porto Alegre, vítima de infarto.

Confira o episódio do  podcast  sobre a vida e a casa de Erico Verissimo.


Dyonélio Machado

Dyonélio na casa da Souza Doca - Foto: Arquivo pessoal

Escritor, jornalista, militante político e psiquiatra, Dyonélio Machado foi um homem de múltiplos talentos. Autor do romance O louco do Cati e Os Ratos, nasceu em Quaraí, no Rio Grande do Sul, em 1895, e faleceu aos 89 anos de idade.

No início dos anos 1940, Dyonélio Machado foi morar no bairro Petrópolis, na rua General Souza Doca, nº 131, junto com sua esposa Adalgisa.

Hoje o imóvel está bastante deteriorado e o local corre risco de demolição. Depois do início da mobilização dos porto-alegrenses pela preservação da casa, em novembro de 2022 o imóvel foi inventariado. Ou seja, ele não pode ser demolido. Recentemente, o atual dono entrou com recurso para tirar a casa do inventário. O processo tá sendo julgado pelo Conselho do Patrimônio Histórico Cultural da cidade.

Confira o episódio do  podcast  sobre a vida e a casa de Dyonélio Machado.


Eva Sopher

Eva Sopher / Foto: João Mattos

De origem alemã e judaica, Eva Sopher e a família vieram para o Brasil quando ela tinha apenas 13 anos, em 1936, pois estavam fugindo da perseguição nazista. Ela morou em São Paulo e no Rio de Janeiro antes de chegar na capital gaúcha, onde ficou até falecer, em 2018. 

Em 1975, assumiu a direção do Theatro São Pedro. Persistente, sonhadora e apaixonada pelas artes, Dona Eva foi a grande responsável pela recuperação do espaço cultural nos anos 80.

Confira no  podcast  a história de Dona Eva e de suas casas.

Portal do casarão da Carlos Gomes, residência do casal Sopher da década de 60 até meados dos anos 80


Elis Regina

Foto: Reprodução

Elis Regina nasceu em Porto Alegre em 1945 e viveu com os pais e irmãos no IAPI, no bairro Passo d’Areia. Foi uma cantora brasileira, considerada por muitos como a melhor de todos os tempos. Começou no ramo da música quando tinha apenas onze anos, e aos 16 já viajou para o Rio de Janeiro para lançar seu primeiro disco, "Viva a Brotolândia".

Fez a sua estreia no festival da Record com a música “Arrastão”, assim sendo eleita a melhor cantora do ano e chegando a uma carreira internacional em 1968. Cantou vários gêneros, como MPB, bossa nova, samba, rock e jazz. Elis Regina faleceu com apenas 36 anos, no auge da carreira, causando grande comoção no país. Sua morte foi decorrente do consumo de cocaína e o uso exagerado da bebida alcoólica.

Em homenagem à cantora, o largo em frente a casa onde viveu em Porto Alegre foi batizado com seu nome


Pia Instituição Pedro Chaves Barcellos

O complexo institucional com arquitetura eclética e uma capela neogótica encontra-se localizada no bairro Rio Branco. A Instituição Pia foi construída em 1923 como promessa de Pedro Chaves Barcellos para acolher e educar meninas órfãs e carentes, tanto nacionais quanto estrangeiras.

Flickr: Fotos Antigas RS

Em 1924 o orfanato-escola foi doado pela família Chaves Barcellos à Associação das Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã, que ali permaneceu cuidando das crianças até 2005, quando o grupo de Irmãs Franciscanas foi para o bairro Piratini, na cidade de Alvorada. Logo depois, a construção foi alugada para o Centro Universitário Metodista IPA, que ocupou a área até 2016. 

No ano passado, a Escola de Educação Infantil Pampeano, entidade sem fins lucrativos, teve a permissão da edificação obtida junto à família, às irmãs e à prefeitura – detentora de parte do terreno – para utilizá-la. O projeto é que o espaço seja a nova sede da escola para aulas de Ensino Infantil e Fundamental, a partir de 2023.

Foto: Luciano Mota/CASACOR


Lupicínio Rodrigues

Foto: Reprodução

Importante nome do samba gaúcho e brasileira, o cantor e compositor Lupicínio Rodrigues (1944) é autor de sucessos como Se Acaso Você Chegasse, Vingança e Nervos de Aço. Nascido e criado em Porto Alegre, morou durante os 35 anos na primeira grande favela da cidade: Ilhota, um bairro rodeado por arroios que deixou de existir progressivamente depois da enchente de 1941.

O local ocupava a área onde hoje passa a Avenida Érico Veríssimo, entre a Avenida Ipiranga e a Praça Garibaldi. Diversas homenagens póstumas podem ser vistas na região, entre elas o Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues, a Praça Lupicínio Rodrigues e Instituição de Educação Infantil Lupicínio Rodrigues.

Confira aqui o episódio do  podcast  sobre a história do Lupi e da Ilhota.

Lupi e Hamilton Chaves, diante da casa onde nasceu o compositor, na Ilhota, Travessa Batista. 1952 Reprodução / Acervo Lupicínio Rodrigues Filho

Praça Lupicínio Rodrigues


Teixeirinha

Teixeirinha - Foto: Divulgação

Um dos maiores expoentes da música no Rio Grande do Sul, Teixeirinha nasceu e viveu a primeira parte da sua infância no município de Rolante. Ao perder os pais, passou a morar com parentes em diferentes cidades do Estado. Tentou alistar-se no exército, sem êxito, e trabalhou durante seis anos no Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem antes de decidir apostar na carreira artística. 

Cantor, compositor, radialista e cineasta brasileiro, Teixeirinha foi recordista de vendas no Brasil,  com 13 discos de ouro, e também fez sucesso no exterior. Em Porto Alegre, o músico passou seus últimos anos de vida em uma ampla casa na Zona Sul da capital. Com o seu falecimento, em 1985, deixou sete filhas, dois filhos e um legado para a música gaúcha.

Produzido por Amanda Gorziza, Lara Moeller e Luísa Gomes

Projeto Experimental Online da Escola de Comunicação, Artes e Design - Famecos da PUCRS

saudosamorada@gmail.com

Porto Alegre, 2022

Caio Fernando Abreu em sua casa em 1996 - Adriana Franciosi/Arquivo pessoal

Foto: Arquivo Agencia Brasil/JC

Fachada do prédio onde morava foi preservada após reforma. O imóvel foi tombado pelo Patrimônio Histórico da Capital em 2012.

Erico Verissimo / Acervo Instituto Moreira Salles

Dyonélio na casa da Souza Doca - Foto: Arquivo pessoal

Eva Sopher / Foto: João Mattos

Portal do casarão da Carlos Gomes, residência do casal Sopher da década de 60 até meados dos anos 80

Foto: Reprodução

Em homenagem à cantora, o largo em frente a casa onde viveu em Porto Alegre foi batizado com seu nome

Flickr: Fotos Antigas RS

Foto: Luciano Mota/CASACOR

Foto: Reprodução

Lupi e Hamilton Chaves, diante da casa onde nasceu o compositor, na Ilhota, Travessa Batista. 1952 Reprodução / Acervo Lupicínio Rodrigues Filho

Praça Lupicínio Rodrigues

Teixeirinha - Foto: Divulgação