

Planta Koeler - 1846
StoryMap da Planta de Petropolis - 1846, mais conhecida como Planta Koeler
A cidade de Petrópolis em sua divisão político-administrativa pensada por Julio Frederico Koeler, possui a particularidade de ser dividida inicialmente em onze quarteirões e duas vilas imperiais, onde estes quarteirões e vilas se assemelham a atual divisão político-administrativa em bairros, enquanto os prazos imperiais correspondem aos terrenos. A área gênese traçada por Koeler é de 15,62 km 2 , correspondendo a 11,75% da área do 1º distrito de Petrópolis e 1,96% da área total do município.

Limites da área gênese de Petrópolis - "Planta Koeler" Fonte: Laeta, 2021
1830
ESCRIPTURA de Venda de huma Fazenda de cultura, e suas benfeitorias, plantas, cazas, e todos os seos pertences, que a Sua Magestade Imperial fazem Jose Vieira Affonso, e sua mulher e quitação (Escritura de Venda e Compra da Fazenda do Córrego Seco). Rio de Janeiro onze de Fevereiro de mil oitocentos e trinta. Fonte: Arquivo Público Nacional

1843
DECRETO IMPERIAL Nº 155. Paço da Boa Vista dezesseis de Março de mil oitocentos e quarenta e três Fonte: Arquivo Público Nacional
1843
Escriptura de arrendamento da Fazenda denominada Corrego Seco, sita no alto da Serra da Estrella, que faz o Ex. mo Mordomo da Caza Imperial, ao Major de Engenheiros Julio Frederico Koeler. Aos vinte e seis dias do mez de Julho de mil oitocentos e quarente e trez Fonte: Comissão do Centenário de Petrópolis, Biblioteca do Museu Imperial
Observação: No Art. 10. aparece pela primeira vez a menção ao objeto de estudo desta presente pesquisa. Nele, ficou o arrendatário obrigado a levantar a “planta da futura Petropolis, e do Palacio e suas dependencias gratuitamente”, que deveria em seguida ser encaminhada ao Mordomo. Fonte: Companhia Imobiliária de Petrópolis; Neves & Zanatta, 2016
1843
Condições com que se aforão terras na Fazenda de Sua Majestade o Imperador, denominada <> e que fazem parte do contracto de arrendamento que faz o Sr. Major Koeler. Paço em 26 de Julho de 1843 Fonte: Comissão do Centenário de Petrópolis, Biblioteca do Museu Imperial
1843
Condições com que se aforão as terras de Petropolis, e as do arrendamento do Major Julio Frederico Koeler. Mordomia da Casa Imperial, 30 de Outubro de 1843 Fonte: Comissão do Centenário de Petrópolis, Biblioteca do Museu Imperial
1846
Relatório do presidente da Província do Rio de Janeiro, o senador Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial no 1º de março de 1846, acompanhado do orçamento da receita e despeza para o anno financeiro de 1846 a 1847. Nictheroy, em 1º de março de 1846 Fonte: Center Research of Libraries – Brazilian Government Document Digitization Project
1846
Planta de Petropolis - 1846 A segunda planta elaborada por Koeler foi solicitada pelo Presidente da Província do Rio de Janeiro, Aureliano de Sousa e Oliveira Coutinho, para se juntar ao relatório provincial de 1846. Fonte: Biblioteca Nacional
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Levantamento fotográfico da Planta de Petropolis - 1846, antes do processo de restauração. Fonte: Laboratório de Cartografia - GeoCart/UFRJ.
A Planta de Petropolis (1846) se encontra emoldurada em madeira com uma proteção de vidro na Companhia Imobiliária de Petrópolis, onde foi realizado um levantamento fotográfico para reproduzir digitalmente o documento cartográfico. Para tal, foi utilizado equipamento fotográfico de alta resolução. O resultado deste levantamento gerou digitalmente 191 fotografias, que primaram pela preservação das informações contidas na planta.
Trabalho de restauração da Planta Koeler. Fonte: https://oglobo.globo.com/rio/exposicao-apresenta-replica-da-planta-original-de-petropolis-20825012
Em 2016, em comemoração aos 170 anos da Planta de Petropolis, a Planta passou por um processo de restauração com duração de aproximadamente 4 meses, e que foi possível por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet)
Engenheiro Julio Fredrico Koeler. Fonte: Arquivo Histórico do Museu Imperial.
O município de Petrópolis se situa na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro. A história de seu planejamento passa pela importância deste documento cartográfico que retrata sua área gênese, trata-se da Planta de Petropolis (1846), também conhecida como Planta Koeler. Elaborada pelo engenheiro Julio Frederico Koeler, a Planta de Petropolis é um documento cartográfico de importância singular. Para historiadores como Pedro Calmon, a planta datada de 1846 inaugura o urbanismo no Brasil.
Planta de Petropolis - 1846 restaurada, mais conhecida como Planta Koeler. Dimensões da planta: 129,2cm x 128,9cm. Fonte: Companhia Imobiliária de Petrópolis; Neves & Zanatta, 2016.
A planta é consequência do Decreto Imperial nº 155, de março de 1843, assinado pelo imperador D. Pedro II no Livro da Mordomia. O Decreto visava a fundação de povoado e a construção de residência imperial na futura Petrópolis, exatamente na antiga fazenda do Córrego Seco que treze anos antes fora adquirida pelo pai de Pedro de Alcântara, o então imperador D. Pedro I. A planta contém a delimitação de 11 quarteirões imperiais e duas vilas imperiais.
Anotações de Koeler na Planta de Petropolis - 1846. Fonte: Laboratório de Cartografia - GeoCart/UFRJ.
A planta serviu para o controle de distribuição e ocupação dos prazos do núcleo urbano inicial da cidade de Petrópolis e consequentemente realização da cobrança de foro sobre os prazos aforados. A espacialização dos prazos, divididos em classes, demonstrou uma estratificação social da área gênese de Petrópolis, evidenciando uma segregação espacial bastante explícita.
Escala gráfica da Planta de Petropolis - 1846. Fonte: Neves & Zanatta, 2016.
A escala gráfica da planta, onde a unidade de medida da escala se encontra em braças portuguesas, com grafia observada de brassas e a grafia da escala gráfica em Petipé. Após o georreferenciamento observou-se na planta histórica que a medida de 50 braças equivale a 11.000 centímetros, ou seja, a planta se encontra na medida de braças portuguesas, onde 1 braça corresponde a 220 centímetros. Nesse sentido, foi possível também conhecer a escala da planta histórica, que é de 1:5.000, sendo classificada por sua natureza de representação como uma escala cadastral.
Orientação da Planta de Petropolis - 1846. Fonte: Neves & Zanatta, 2016.
A orientação da planta é um pouco diferente do que se acostuma ver em documentos cartográficos. Koeler usa uma rosa-dos-ventos que tem o norte como referência, embora a orientação da planta esteja voltada para noroeste.
Quarteirões e prazos imperiais na Planta Koeler. Fonte: Laeta, 2023.
No ano de 1846, Koeler elabora a Planta de Petropolis – 1846, também conhecida como Planta Koeler. Koeler foi incumbido de fazer o plano de urbanização da antiga fazenda pelo Decreto Imperial que fundou Petrópolis, em março de 1843. Em três anos, a planta estava pronta, organizando a ocupação e uso de uma área de 15,62km². Considerada a primeira planta urbanística do país, contendo 11 quarteirões imperiais: Westphalia, Nassau, Mosella, Ingelheim, Bingen, Rhenania Inferior, Castellania, Rhenania Central, Simmeria, Palatinato Inferior e Palatinato Superior, e duas vilas: Villa Imperial e Villa Thereza.
Prazos imperais e a divisão por classe, seguindo as diretrizes de ocupação do relatório provincial. Fonte: Laeta, 2021.
O planejamento de Koeler previa o palácio cercado por pessoas do governo, membros da corte e gente influente. As questões econômicas e políticas refletiram socialmente em Petrópolis, pois a solicitação de construção de um palácio imperial para descanso do imperador em um local distante do Paço da Quinta da Boa Vista serviu muito para atrair pessoas com alto poder aquisitivo em subir a serra para veraneio, assim como o chefe de Estado habitualmente fazia.
Fazenda do Córrego Seco (1823-1831). Litogr. Franz Xaver Nachtmann, esboço Karl Friedrich Philip von Martius. Fonte: BNDigital do Brasil.
A compra da fazenda do Córrego Seco realizada no ano de 1830 por Dom Pedro I é a primeira medida para concretização da construção do palácio imperial e a criação de uma povoação denominada Petrópolis. Fonte: https://www.researchgate.net/publication/311588841_Historia_cultura_e_religiao_a_Cidade_Imperial_e_a_regiao_do_Contestado_nas_apreensoes_de_Estanislau_Schaette_e_Hermann_Schiefelbein_1926-1950/figures?lo=1
Palácio Imperial de Petrópolis. Fonte: Brasiliana Iconográfica, Biblioteca Nacional.
A construção do belo prédio neoclássico, onde funciona atualmente o Museu Imperial, teve início em 1845 e foi concluída em 1862. Fonte: https://www.brasilianaiconografica.art.br/obras/18112/palacete-imperial-petropolis
Cemitério (canto superior esquerdo da imagem) e igreja (parte superior direita da imagem) da Planta de Petropolis - 1846. Fonte: Neves & Zanatta, 2016.
Igreja e Cemitério – previstos no Decreto Imperial nº 155 O Decreto Imperial nº 155, assinado por Sua Majestade Imperial Dom Pedro II e por seu Mordomo da Casa Imperial, Paulo Barbosa. É este documento que marca a fundação e o início do processo de ocupação da cidade de Petrópolis. Neste Decreto foi prevista a demarcação de um terreno para uma futura construção de uma igreja e um cemitério.
Piscinões na Planta Koeler. Fonte: Fernandes et al., 2020.
Uma das recentes descobertas sobre a Planta Koeler são os "piscinões", projeto que determinou a construção de dois tanques para acumular água no rio Quitandinha com o claro propósito de reduzir o risco de inundações na Vila Imperial, coração da então colônia e do atual Centro Histórico da cidade. A solução de engenharia hidráulica de Koeler integrou as intervenções de retilinização do curso original dos rios Quitandinha e Palatino iniciada ainda em 1845, ano em que o palácio do imperador em Petrópolis também começou a ser erguido, sob suas ordens. Na planta, é possível observar um dos piscinões de Koeler posicionado na confluência dos dois rios, no meio da Rua do Imperador, dividindo ao meio a Praça do Imperador, primitiva denominação das atuais praças D. Pedro e dos Expedicionários, onde se encontra o Obelisco dos Colonizadores. O segundo piscinão ficava na Praça D. Afonso, que mais tarde deu lugar à Praça da Liberdade.
Bacias hidrográficas da área gênese de Petrópolis. Fonte: Fernandes et al., 2020.
Os rios Piabanha, Quitandinha e Palatino dão a cidade um caráter delineador no processo de ocupação, visto que foi a partir de seus vales que Koeler estabeleceu a área inicial de instalação do núcleo urbano. Com o objetivo de preservar os cursos d’água para não serem utilizados como local de dejetos, Koeler estabelece o traçado vertical (perpendicular) dos prazos em relação aos cursos d’água e ainda determina o local de construção dentro dos prazos. Assim, a área destinada a construção era indicada na planta na parte frontal dos prazos e ainda com a frente dos mesmo voltado para o rio.
Ilhas fluviais na Planta Koeler. Laeta & Fernandes, 2023.
Apesar da retilinização feita por Koeler nos três principais cursos d’água de Petrópolis, foi observado no documento histórico cartográfico quatro ilhas fluviais. A primeira delas está localizada na bacia do rio Piabanha no quarteirão imperial Bingen, outras duas delas se encontram na bacia do rio Quitandinha, respectivamente nos quarteirões imperiais Rhenania Central e Rhenania Inferior, a terceira está na bacia do rio Palatino, no quarteirão Palatinato Inferior. Entretanto, as ilhas fluviais foram suprimidas devido ao intenso processo de ocupação. Nos documentos históricos cartográficos elaborados posteriormente a Planta Koeler e na base cartográfica já não é possível constatar essas feições geomorfológicas.
Croqui do rio Palatino e seus afluentes.
Croqui do rio Palatino e seus afluentes de acordo com a Planta Koeler, com referência espacial dos quarteirões imperiais.
Croqui do rio Quitandinha e seus afluentes.
Croqui do rio Quitandinha e seus afluentes de acordo com a Planta Koeler, com referência espacial dos quarteirões imperiais.
Croqui do rio Piabanha e seus afluentes.
Croqui do rio Piabanha e seus afluentes de acordo com a Planta Koeler, com referência espacial dos quarteirões imperiais.
Praça Bingen (parte superior central da imagem) na Planta de Petropolis - 1846. Fonte: Neves & Zanatta, 2016.
Dentre as praças previstas no interior da colônia, a maioria delas nunca saiu do papel. Por exemplo a Praça de Bingen, foi uma das que não foi adiante.