Histórias da gente: trajetórias LGBTQIA+ no RS

Nei D’Ogum, afro-gay perifério, intelectualizado e de alta autoestima no coração do Rio Grande do Sul (Santa Maria, 1963 - 2017)

“Sou e faço parte de uma periferia esclarecida, eu tenho uma mente refinada e uma auto estima muito alta, num corpo magrinho, só que a minha formação se deu nos becos, nas favelas, nas vielas da onde eu venho e aonde eu permaneço, onde ficarei e morrerei sempre com a posição política. Faço parte desta periferia refinada” - Nei D’Ogum, durante a 1ª Plenária com Nei D’Ogum, em 4/9/2016.

VIDA

O calendário marcava 15 de novembro de 1963, era dia de festa nos fundos da casa situada na Rua Appel, no terreiro de Maurília Gonçalves, a Dona Lila, já que a jovem Eny Silva Flores, aos 23 anos, dava luz ao 3º filho, neto de Maurília. Como ele mesmo contava, logo ao nascer, a parteira Dona Ducha ao conduzi-lo para mãe disse: “- esse aqui só pode ser de Ogum!” e assim foi. O menino, “orelhudo, narizudo” e de Ogum, como descrevia , carregava consigo o nome do próprio pai, Vilnes Gonçalves Flores, soldado da Brigada Militar e filho da Yalorixá Dona Lila de Oxum Pandá, já famosa em Santa Maria, no coração do Rio Grande do Sul, pelos seus bailes e festas, por ser refugio para mulheres grávidas e aflitas e, especialmente, pela religião que promovia. Vilnes Junior, conhecido como Nei D’Ogum, viria tornar-se uma das mais importantes referências de sua geração nas lutas por direitos para negros e negras, para a comunidade LGBTQIA+ e para as periferias da cidade e do estado onde nasceu e muito bem conhecia.

Casa de Maurília, onde Nei nasceu, situada na Rua Appel, hoje demolida. Fonte: Acervo de Eny Silva Flores (falecida), reprodução da foto por Franciele Oliveira autorizada por Eny e Nei D’Ogum ao documentário Dona Lila: Uma Senhora de Oxum (2015).

Ao longe de sua infância, Nei, juntamente com a de seus 5 irmãos, morou em diversas cidades do interior do estado. Acompanhando o trabalho do pai, a família morou em Rio Pardo, Arroio do Tigre, Sobradinho, Barragem do Itaúba e Salto do Jacuí, onde Nei iniciou os estudos.

Em 12 de dezembro de 1977, durante a Ditadura Civil-militar brasileira, seu pai foi assassinado, dentro do destacamento militar, sob condições que nunca foram devidamente explicadas à família. A perda do pai abalou profundamente a família, que retornou para Santa Maria em meio à dor e a sensação de injustiça.

Em Santa Maria, Nei se redescobriu. Nas escolas úblicas onde estudou descobriu o movimento estudantil foi líder de turmas e de grêmios estudantis, e tomou gosto pela leitura e pelas histórias das lutas negras por direitos, iniciando sua militância. Engajou-se em movimentos por eleições diretas nas escolas e, também, por eleições diretas para Presidente da República. Envolveu-se nos atos que denunciavam a prisão de Nelson Mandela e exigiam sua liberdade. Em um contexto nacional de forte rearticulação dos movimentos negros, parte de um contexto nacional de forte rearticulação dos movimentos negros, próximos ao centenário da Abolição da escravidão no Brasil.

Tão importante quanto a sua formação política, foi a sua paixão pelo Carnaval e por toda cultura negra produzida nas periferias que percorreu. Nei conheceu o samba da Vila Brasil, nos ensaios no “buraco quente”, junto a uma sanga, que passava na Rua Venâncio Aires. Deslumbrou-se com um universo repleto de arte e intelectualidade, formado por sábios músicos, compositores, sambistas, cantores e ritmistas, passistas, carnavalescos, cenário orquestrado por gente negra, que, ao ver, se reconhecia e orgulhava-se. Espaço que também aceitava a diversidade sexual, onde se habituou a ver muitos gays, como mais tarde compreenderia ser.

Carteira de associação do clube União Familiar da mãe de Nei D’Ogum. Fonte: Acervo particular de Eny Silva Flores. Franciele Oliveira (2016, p.52).

Os anos 1980 também foram de presença marcada nos Clubes Sociais negros da cidade, espaços históricos de resistência e sociabilidade, criados devido às barreiras raciais enfrentadas pela população negra da cidade no Pós-Abolição. Nei e sua família participaram do Clube União Familiar e do Clube Treze de Maio. Neste último, Nei atuou no processo de transformação em Museu e, anos depois, tornou-se diretor do Núcleo de Ação Cultural e Educativa (NACE).

A formação cultural de Nei perpassava, desde o berço, pelas religiões de matriz africana. Ainda que fosse neto da Yalorixá Lila de Oxum, sua iniciação religiosa se deu aos 2 anos de idade, na casa do Pai Chiquinho do Ogum Treme Terra, situada na Rua Dautro Filho, próximo de onde nasceu. Nei era bisneto de Santo de Mãe Diva de Iemanjá, neto de Santo da Yalorixá Sueli de Xangô, afilhado de Santo da Yalorixá Dejanira de Ogum e filho de Santo da Yalorixá Eliane de Oyá. Tornando-se Nei D’Ogum Adeíba e Oyá Nique Funiqué.

Nei D'Ogum, aos 2 anos de idade, com o Pai Chiquinho de Ogum. Fonte: Foto publicada no perfil de Ricardo, Babalossain de Agué, no Facebook, em 1 de dezembro de 2013.

Foi em uma festa religiosa, na casa do Pai Joerci de Iemanjá, que Nei conheceu o grande amor de sua vida, com quem viveu ao lado todas as dores e as alegrias de assumir quem se é. Nei ficou tão admirado ao ver o jovem Ricardo Pereira de Souza, que não conseguiu esquecê-lo depois daquela festa. Procurou-o por toda a cidade, até encontrá-lo novamente, um mês depois, em outra festa, na casa de Dona Zeli da Cigana, no Bairro Tancredo Neves. Começava, assim, um amor que os envolveria até o final de suas vidas.

Ao lado de Ricardo, Nei viveu a experiência marcante da recusa familiar e a violência extrema das ruas. Ao assumirem-se, ambos tiveram de sair de suas casas e do convívio de suas famílias, que não aceitavam o relacionamento. Passaram, então, a viver na clandestinidade dentro da cidade, mudando-se de lugar em lugar. Quando podiam pagar, alugavam pequenas peças para viverem e quando não podiam, moravam nas ruas e embaixo da ponte sob o Arroio Cadena, no Passo D’Areia. Muitas vezes, sem dinheiro, sem comida, sem água encanada e energia elétrica, tiveram um ao outro e a teimosia em manterem-se vivos, contrariando as estatísticas. Foi assim que suas vidas misturaram-se, também, às lutas por moradia, quando construíram sua primeira casa na ocupação as margens do Arroio Cadena.

A esta época, Ricardo, que viria tornar-se Pai Ricardo de Ossanha Agué, Babalossain de Agué benzia, jogava Tarô e búzios, enquanto Nei articulava a infraestrutura da ocupação. Tinham a casa movimentada, em razão daqueles que ali buscavam a proteção e a orientação de Ricardo. Sentindo-se mais seguros, não escondiam mais sua relação. Eram assumidamente um casal homoafetivo. Foi quando as ofensivas começaram de forma mais cruel. Em uma das noites, não aceitaram propostas indecorosas de alguns homens e foram atacados a pauladas e pedradas, conseguindo escapar. Nei e Ricardo reuniram forças e recomeçaram muitas vezes. Na zona oeste da cidade, moraram na Nova Santa Marta, a maior ocupação urbana da América Latina. Outro dia, ao chegarem em casa, viram-se alvo de mais um ataque “os poucos mantimentos que tinham guardados estavam todos espalhados pelo chão. O sofá marrom com listras verticais beges havia sido completamente destruído, com sua espuma jogada por todos os lados. E o cheiro… Um cheiro forte de merda. Não foi preciso procurar muito a procedência. Escrito na parede, com fezes humanas, ‘FORA VIADO” .

“E quando eu cheguei tava a casa todo revirada. Os poucos mantimentos que tinham tavam todos virados, e escrito com merda: “fora viado”. Daí eu entendi a mensagem. Tive que fugir daqui de novo. Eu dormia num local e tinha que acordar em outro”. - Nei D’Ogum, em Pobre Preto Puto, 2016.

Local onde Nei e Ricardo moraram e foram vítimas de violência. Fonte: Autoria desconhecida, imagem apresentada em Pobre Preto Puto (2016). Acervo particular de Nei D’Ogum cedido ao documentário.

Nei D’Ogum, ao fundo de bermuda amarela e boné, no Loteamento Cipriano da Rocha. Assembleia de Fundação da Associação de Moradores, em 12/1/2009. Fonte: Álbum Algumas imagens da fundação da Associação, publicado em 4/11/2012, na página Loteamento Cipriano da Rocha, do Facebook.

Nei e Ricardo seguiram em frente, muitas vezes sem saber se estariam rumando para mais uma violência. Nestes movimentos, conheciam e eram parte de uma Santa Maria diversa, das favelas, das pontes, dos becos e vielas, articulando-se com outros tantos iguais, clandestinos da própria cidade, que, constantemente, juntavam o pouco que tinham, se reorganizavam e recomeçavam tudo outra vez. Em Pobre Preto Puto (2016), documentário que conta parte de sua vida, Nei diz ter morado com Ricardo em 32 locais diferentes até que, finalmente, encontraram mais alento na construção do Loteamento Cipriano da Rocha, outra ocupação, na zona oeste da cidade, que viria tornar-se a sua principal morada, chamada por Nei de sua “doce favela”, onde ergueu, ao lado de Ricardo, o “palácio verde de Ossanha”, a Comunidade de Terreiro Ilê Axé Ossanha Agué, o lar onde construíram sua família, seu templo religioso e abrigo que amparou muitos necessitados. Epicentro de onde saíram inúmeros projetos culturais, sociais e políticos.

Nei D’Ogum e Ricardo Pereira de Souza, Babalossain de Agué. Fonte: Acervo particular de Nei D’Ogum e Ricardo Pereira de Souza, foto publicada em suas redes sociais e autorizado por Nei D’Ogum ao documentário Pobre Preto Puto (2016) e a exposição do Coletivo Voe.

Nei e Ricardo tornaram-se “o primeiro casal homossexual do Rio Grande do Sul a registrar, oficialmente, o relacionamento, em 7 de maio de 2004” e o primeiro casal homossexual de Santa Maria reconhecido por Lei.

O ativismo nos movimentos sociais negros, LGBTQIA+ e de luta pela moradia foi essencial na trajetória de Nei D’Ogum. A defesa da cultura e a luta contra a intolerância religiosa também foram suas principais pautas, junto das lutas por acesso à saúde, educação, alimentação, moradia e cultura nas periferias. Em seus discursos, Nei apresentava-se como “afro-gay periférico e intelectualizado”, uma mente “intelectual em um corpo franzino”, “um agitador cultural periférico”, que vinha para “enegrecer, escurecer e pretear o cenário cultural santa-mariense”. Com sua voz potente e um discurso visceral, Nei fazia-se ouvido por onde andava. Tornou-se um farol nos movimentos sociais, arrebatando admiradores, afilhados e aprendizes. Dificilmente passava despercebido dos espaços que circulava, angariando a atenção de diversos setores e sensibilizando pessoas de diferentes condições sociais, políticos, professores, gestores públicos, empresários, trabalhadores, moradores de rua, prostitutas, jovens, ativistas, intelectuais, artistas, religiosos... Nei era poliglota, falava sobre tudo e com todos, mas falava, especialmente, a língua das ruas e o pretuguês de Lélia Gonzalez (2018).

Trabalhador desde criança, Nei passou por diversos empregos, chegando a tornar-se reconhecido produtor cultural. Com o desejo de conquistar diploma de ensino superior, Nei D’Ogum tentou o vestibular na Universidade Federal de Santa Maria. Em 2008, passou na instituição para cursar Bacharelado em Artes Cênicas, habilitação em Direção Teatral ou Interpretação Teatral, ocupando a última vaga daquela seleção, entretanto não se adaptou a jornada universitária daquela época, que há pouco tempo implementava o sistema de ações afirmativas, vitória de Nei D’Ogum e seus companheiros de Movimento Negro. 7 anos depois, o desejo de retornar para a universidade falou mais alto e, em 2015, Nei voltou para a UFSM, cursando Bacharelado em Artes Cênicas. Seu companheiro Ricardo, havia passado no vestibular da UFSM, em 2012, e cursava Bacharelado em Artes visuais. Ambos viviam o sonho de poder estudar no ensino superior, dedicando-se ao universo das artes.

LUTAS

MOVIMENTO NEGRO

Nei D’Ogum orgulhava-se do trabalho de mais de 30 anos de promoção e lutas dos direitos da população negra. Quando questionado sobre sua atuação no Movimento Negro, sempre retomava as manifestações dos anos 1980 e sua participação inicial no Grupo de Dança Afro Agbara Dudu, que tinha sua sede na Vila Nonoai.

“Nos organizávamos dentro das pastorais negras da Igreja Católica, porque lá havia os recursos e a estrutura que nós não tínhamos na época. Começamos a imprimir bottons contra o apartheid, montamos grupos de dança afro. Chegamos a organizar uma marcha contra o regime racista da África do Sul, que levou centenas de manifestantes até a Praça Saldanha Marinho, isso no final da década de 80. (...) Em 88, junto com outras e outros negros nós construímos a primeira caminhada negra e linda e conscientemente nós subimos a Avenida Presidente Vargas, vamos até a Praça Saldanha Marinho, e lá, é... Apontamos que nós negros e negras vivemos em situação de desigualdade social, geográfica, estrutural no Brasil, e que é o centenário da Abolição, que nós continuava sem pão. E nós apontávamos que nós saímos das senzalas e fomos direto pras favelas. De lá para cá, eu não conseguirei enumerar neste momento, todas as ações construídas sempre de forma coletiva. De 88 pra cá, nós nunca mais saímos das ruas, nós nunca mais saímos das praças” - Nei D’Ogum, em entrevista para Franciele Rocha de Oliveira, publicada em 30/9/2016 .

Nei D’Ogum, de blusa amarela e boné azul ao fundo, à direita, junto de outros membros do Movimento Negro no início do Museu Treze de Maio. Fonte: Arquivo particular de Nei D’Ogum. Autoria desconhecida.

Falava com orgulho de ter participado, ativamente, do grupo que constituiu o Museu Treze de Maio (MTM), junto da Associação dos Amigos do Museu Treze de Maio (AAMTM), em que foi Secretário Geral. O Museu, que Nei chamava de “a Serra da Barriga negra em Santa Maria”, em alusão ao Quilombo dos Palmares, tornou-se seu principal chão de atuação individual, coletiva e familiar, espaço que teria, inclusive, morado para garantir a integridade do prédio, conforme seus relatos, onde construiu inúmeras políticas, projetos e eventos, sobretudo na condição de Coordenador do Núcleo de Ação Cultural e Educativa (NACE) do Museu, onde se destacou como articulador, junto a movimentos sociais e secretarias, instituições e órgãos públicos e privados.

Nei D’Ogum foi idealizador do Festival Municipal de Artes Negras - FESMAN (2013-2015) e também do Concurso Beleza do Ébano (2011-2013; 2015-2016), voltado para promoção da beleza, estética, cultura e identidade de jovens negros e negras, junto do qual acontecia a entrega da Comenda Luiza Mahin, que visava homenagear importantes lideranças negras locais e regionais.

Nei D’Ogum interpretando o orixá Ogum, junto de Letícia Prates, que interpreta Iansã e Gabriela Silva, no Camafeu do Museu Treze de Maio, no palco do Theatro Treze de Maio, 2013. Fonte: Acervo particular de Nei D’Ogum. Autoria desconhecida.

Esteve à frente de diversas edições da Kizomba, festa que reunia apresentações artísticas e lideranças negras em locais públicos da cidade, sempre junto às programações das Semanas Municipais de Consciência Negra, em alusão ao dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Também esteve à frente de edições do Camafeu do Museu Treze de Maio, quando artistas e lideranças do Museu ocupavam o palco do Theatro Treze de Maio.

Em 2009, idealizou a exposição Odudua: Yas e Ekedis Negras de Santa Maria no Museu Treze de Maio, que trazia fotografias de importantes Yalorixás negras da cidade, feitas pelo fotógrafo Leonardo Moreti. Também foi Coordenador Geral da Exposição Fotográfica Itinerante Olhares Negros, que trazia fotografias emolduradas, minibiografias e áudio descrições de 24 personalidades negras da cidade. Essa exposição foi contemplada pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC/RS) e inaugurada em 22 de novembro de 2013, no Museu Treze de Maio.

Exposição Fotográfica Oduduá Yás e Ekedis Negras de Santa Maria. Mãe Dejanira de Ogum e Mãe Eliane de Oyá, Madrinha e Mãe de Santo de Nei D’Ogum. Fonte: Exposição Fotográfica Oduduá Yás e Ekedis Negras de Santa Maria.

Enquanto Coordenador do NACE, Nei D’Ogum também atuou na equipe do documentário Juventudes Negras Periféricas (2012), do Movimento Práxis – Coletivo de Educação Popular, que registrava a vida de 7 jovens negros e negras das periferias de Santa Maria e suas trajetórias, formas de organização e busca do acesso à educação.

Esteve envolvido na organização de inúmeros seminários, conferências, palestras, fóruns e aulas públicas, que pautaram a implementação de políticas para as comunidades negras, como as Ações Afirmativas, as cotas raciais e sociais para ingresso nas Universidades, postos de trabalho e concursos públicos, tendo participado dos Seminários Estaduais Ações Afirmativas, do I Encontro de NEAB’S Ações Afirmativas e diversidade (2012) e da Aula Pública Vamos falar sobre Cotas (2012), em um momento de grande tensão acerca do estabelecimento da Lei que permitia 50% de cotas nas Universidades do Brasil. A cidade foi palco de uma manifestação contra a Lei, advinda do Exército Anti-cotas. À época, Nei foi para as ruas e promoveu um intenso debate público, protagonizando um discurso histórico após o ato dos Anti-cotas, capaz de transformar a opinião de um de seus mais fervorosos organizadores:

“Vocês contam histórias de família para defender a sequência do que existe. Eu falo sobre mais de 350 anos de negros vendidos, massacrados, enviados depois para a periferia". – Nei D’Ogum, discurso realizado na Praça Saldanha Marinho. Fonte: Revista O Viés. 17/8/2012.

Nei D’Ogum discursa após manifestação do Exército Anti-cotas, na Praça Saldanha Marinho, 2012. Fonte: Foto de Liana Coll. Revista O Viés. 17/8/2012.

“Meus pais, meus avós, meus bisavós foram arrancados do continente de origem, do continente africano, foram trazidos à força para o Brasil e construíram esse país 350 anos sem direito à hora extra, sem direito à carteira de trabalho, sem direito à insalubridade, sem direito a uma vida digna. 350 anos depois, quando os países não negros, quando a Inglaterra, quando a França, quando toda a Europa resolve que não é mais interessante o tráfico negreiro, suspende isso e liberta os negros escravizados e coloca-os onde eu estou atualmente, na favela de Salvador, do Rio Grande do Sul, em todo o Brasil. Os negros só estão em um espaço, que são as favelas, os subempregos. Existe um extermínio da juventude negra no Brasil e nada disso é apontado. Quando o movimento social negro organizado em todo o Brasil aponta que os negros não estão nos bancos escolares fundamental, médio e no nível superior, o movimento organizado nacional está exigindo reparações  . - Nei D’Ogum, discurso realizado na Praça Saldanha Marinho. Fonte: Revista O Viés. 17/8/2012.

Nei fazia a ponte que ligava o Museu Treze de Maio e outras entidades à Comunidade de Terreiro Ilê Axé Ossanha Agué, recebendo o título de Obá de Xangô da Comunidade, considerado o responsável pelas relações externas desta. Em 2014, articulou junto ao Ilê Axé Ossanha Agué e outras comunidades de terreiro a 1ª Conferência do Povo de Terreiro de Santa Maria e Região Centro, que ocorreu nas dependências do Museu. O evento teve como tema “A Matriz Africana e seus Pressupostos Civilizatórios” e reuniu inúmeras comunidades de terreiro de Santa Maria e da região central para discutir direitos e questões ligadas á permanência e defesa de suas culturas e práticas, além de realizar a eleição dos delegados que participariam da 1ª Conferência Estadual dos Povos de Terreiro, em Porto Alegre.

Da esquerda para a direita: Ricardo, Babalossaim de Agué, Nei D’Ogum e liderança religiosa na 1ª Conferência Estadual dos Povos de Terreiro, em 2014, em Porto Alegre. Fonte: Acervo particular de Nei D’Ogum.

Em 2012, a Comunidade de Terreiro Ilê Axé Ossanha Agué recebeu o Seminário Religiosidade e Cultura e o Projeto Roda de Conversa Batuque do Sul Promovendo a Vida, da Rede Estadual de Núcleos de Ilês Afro AIDS, promovendo uma intensa programação educativa, religiosa e cultural.

Em 2014, a comunidade de Nei e Ricardo também integrou o projeto Fortalecendo com Axé, que visava o desenvolvimento institucional e sustentável das Comunidades de Matriz Africana do Rio Grande do Sul e previa oficinas, formações, eventos e palestras sobre elaboração de projetos, educação ambiental e história do povo negro e das tradições de matriz africana no Brasil. 

Em 2013, sob a Diretoria Técnica de Marta Nunes e a Coordenação Cultural de Nei D’Ogum (NACE), o Museu Treze de Maio tornou-se Ponto de Cultura, integrando a Rede RS de Pontos de Cultura, através do pr0jnojeto Ponto de Cultura Museu Treze de Maio Pretinhosidades, que previa a aplicação de 180 mil reais, em recursos destinados a promoção das atividades culturais e educativas do Museu, que viabilizariam a cozinha de gastronomia africana e afro-brasileira, a Cia do Samba e a biblioteca negra do espaço.

Em 2014, dissidências políticas no Museu Treze de Maio colocaram fim à atuação de Nei D’Ogum junto ao espaço e em 21 de março de 2015, Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, Nei ao lado de outros companheiros e companheiras do Movimento Negro e aliados antirracistas fundaram o Coletivo Ara Dudu, depois Associação Ara Dudu, comprometido com a promoção da arte, educação e cultura. Assim, pode dar continuidade aos seus projetos, articulando ainda a 1ª Marcha Contra o Genocídio do Povo Negro, que ocorreu em 5 de dezembro de 2014. A Marcha foi precedida por uma campanha pela valorização das vidas negras, em que Nei saía pelas ruas da cidade com uma câmara registrando, sobretudo, jovens negros e negras com cartazes, que denunciavam a violência, os índices de homicídio de jovens negros no Brasil e em defesa da vida. 

Coletivo Ara Dudu em uma de suas primeiras reuniões, 01/05/2015. Da esquerda para a direita, em pé: Luana Prates, Letícia Prates, Rozan Borges, Manoel Luthiery, Izabella Gutierres, Flávia Nascimento, Alexon Messias da Rocha. Sentados: Nei D’Ogum, Marta Nunes e Laís Prates. Fonte: Foto de Franciele Oliveira.

Nei D’Ogum, na 2ª Muamba, em 2016. Fonte: Foto de Luciele Oliveira.

Junto ao Ara Dudu, Nei idealizou a Muamba Contra o Racismo, o Machismo, a LGBTfobia e a Intolerância Religiosa (2015-2016, 2019), festa de rua ligada à defesa do Carnaval e a luta por direitos, preparada por movimentos sociais, coletivos, comunidade de terreiro e membros de escolas de samba que, organizados em blocos, promoviam um grande desfile pelas ruas centrais da cidade, culminando na Gare da cidade, com apresentações artísticas, culturais, discursos sobre igualdade e direitos e coroações de musos e musas. As Muambas foram noites marcantes, em que Nei apresentava-se ornamentado, ocupando os carros de som e trio elétrico, reproduzindo sua mensagem de igualdade, respeito e liberdade, intercalada com os gritos de “MUAAAAMBAAAA!”.

 Em 2016, Nei fez parte de uma grande articulação para que grupos periféricos, produtores de cultura e geração de renda pudessem ser comtemplados pela Incubadora Social da Universidade Federal de Santa Maria. Em 2017, entre os 10 selecionados da Incubadora Social estavam o Coletivo Ará Dudu, a Comunidade de Terreiro Ilê Axé Ossanha Agué e o CO-RAP Coletivo de Resistência Artística Periférica, de promoção da cultura Hip Hop, grupo que Nei D’Ogum era padrinho.

No campo educacional, Nei também fez parte de diversas ações. Em 2015, atuou no projeto Ilu Omóyi: A Comunidade Jovem Daqui, articulado em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça e a Associação Afro-Cultural São Jerônimo. O projeto previa ações que contribuíssem com a formação intelectual, física e social de jovens entre 15 e 29 anos, atendendo, em sua maioria, jovens negros, moradores de comunidades periféricas e comunidades de terreiros das cidades de Alvorada, Santa Maria e Porto Alegre. Em Santa Maria, o Ilu Omóyi atuou na Escola Cícero Barreto.

MOVIMENTO LGBTQIA+

Foto publicada por Nei D’Ogum, em homenagem as amigas trans que passaram por sua vida, entre elas Naomy Lima, Royce Campos, Arielly, Carol Ashey e Marcia Santhws. De branco, no centro da foto, está Ricardo e no canto direito está Nei. Foto de 29 de janeiro de 1998, no clube Santamariense. Fonte: Autoria desconhecida. Foto publicada no perfil pessoal de Nei D’Ogum, no Facebook.

Na militância LGBTQIA+, Nei acompanhou Rogéria Rangel, ativista trans e sua amiga, que respondia a um processo. Buscando apoio para Rogeria, iam a Câmara de Vereadores, rádios e jornais da cidade, em campanha “pela liberdade de ocupar espaços públicos”, “Rogéria saiu vitoriosa, foi inocentada, e com isso os gays voltaram a ocupar a Saldanha Marinho [praça central da cidade]”, disse Nei D’Ogum, em entrevista para a Revista O Viés, publicada em 22/7/2014. Nei participava de diversas festas destinadas ao público LGBTQIA+, algumas das quais organizadas por Rogéria e Elaine, conhecida por Dinda, que abria sua casa à comunidade, situada na Vila Belga. Neste universo, criaram o primeiro Bloco Gay da cidade, denominado “Os Virgens”, idealizado pelo estilista Alexandre Tanski. Reuniam diversas pessoas, tendo, inclusive, sede própria na Associação dos Empregados da Viação Férrea. Após dissidências, o bloco mudou de nome, intitulando-se “Continuamos Virgens”, promovendo muitas festas, realizando concursos de Miss e Glamour Gay.

ONG Life Grupo pela Livre Expressão Sexual, trabalho de prevenção as DSTs AIDS, em Santa Maria. No centro da imagem, à esquerda está Ricardo e Nei. Fonte: Autoria desconhecida. Acervo particular de Nei D’Ogum e Ricardo, publicada no Facebook, em 22/6/2012.

Nei e Ricardo fizeram de sua casa um espaço acolhedor para outros gays, travestis e transexuais, que necessitavam de apoio. Acompanhando outras histórias foram vislumbrando a necessidade de políticas para a comunidade LGBTQIA+, fortemente impactada pela violência e pela pandemia mundial da AIDS. Foram, então, convidados para fazer parte das reuniões do Grupo SOMOS – Comunicação, Saúde e Sexualidade, de Porto Alegre, ampliando, assim, os conhecimentos do casal sobre as políticas públicas.

De acordo com reportagem da Revista O Viés, a “Secretaria de Direitos Humanos do governo Lula cria o Programa Brasil Sem Homofobia. A ABGLT – Associação Brasileira de Gays, Lésbica e Travestis começa a fazer um mapeamento dos atores sociais que atuavam na temática LGBT, e ao chegarem em Santa Maria, encontram como referência Nei D’Ogum e Ricardo de Agué. Com isso, ambos são convidados a participar de reuniões de formação em Porto Alegre” .

Nei e Ricardo passaram a aparecer nos jornais da cidade, reivindicando direitos, não à toa uma série de matérias integravam o acervo particular guardado pelo casal. Entre elas, reportagens denunciando as barreiras para gays, de doarem sangue, matérias sobre inúmeros eventos realizados na cidadee, especialmente, sobre a luta pelo direito de homossexuais terem suas uniões reconhecidas pelo estado. Sobre esse último ponto, Nei e Ricardo dariam um grande passo no movimento LGBTQIA+ do país, tornando-se “o primeiro casal homossexual do Rio Grande do Sul a registrar, oficialmente, o relacionamento, em 7 de maio de 2004”  e o primeiro casal homossexual de Santa Maria reconhecido por Lei, vitória que foi acompanhada, amplamente, pela imprensa local, com direito a fotos em capas de jornais e uma festa.

Junto de muitos outros, Nei e Ricardo estiveram na fundação da ONG Igualdade, onde Nei assumiu o cargo de Secretário Geral. Depois, passaram a atuar na ONG Life, anteriormente mencionada. Dentro destas instituições, Nei foi articulador de inúmeras formações, campanhas e eventos, como as primeiras Paradas Livres da Região Centro.

Nei também integrou o Coletivo Voe, fundado em 2011, “formado por estudantes, pesquisadores e ativistas que reunidos em prol da defesa da diversidade sexual e de gênero, promove espaços de formação sobre gênero, corpo e sexualidades”. Junto ao Voe, idealizou a Primeira Parada LGBT Alternativa de Santa Maria, que ocorreu em 15 de novembro de 2015, aniversário de Nei. O evento chegou há 5 edições até o momento (2015-2019).

IMPACTOS

Da esquerda para a direita: Nei D’Ogum, Mestre Militar, Luiz Antônio Loreto e Gabriela Silva (Gabit Box), no 1º Prêmio Diversidade RS, Porto Alegre, em 2014. Fonte: Arquivo particular de Nei D’Ogum. Autoria desconhecida.

Em razão de seu histórico de atuação, Nei ganhou diversos prêmios e foi indicado e eleito a participar de diversas comissões e conselhos. Em 2011, ganhou a Comenda Zumbi dos Palmares, entregue pela Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria. Em 2014, recebeu o 1º Prêmio Diversidade RS, na categoria Cultura Negra, entregue no Palácio Piratini, em Porto Alegre. Em 2016, Nei foi premiado com a Medalha Zumbi dos Palmares, na categoria Cultural, entregue pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.

Nei Atuou junto às Conferências Nacionais, Estaduais e Municipais de Promoção da Igualdade Racial, ligadas a Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), da Presidência da República, sendo, inclusive, delegado, em Brasília/DF. Foi Coordenador do Colegiado de Culturas Populares da Secretaria Estadual de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul (2012-2014). Foi Secretário de Relações Institucionais do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) RS.

Nei D’Ogum recebendo a Medalha Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre, em 2016. Fonte: Foto publicada no perfil pessoal do Facebook do Deputado Estadual Luiz Fernando Mainardi, em 16/11/2016.

Em 2012 e 2013, compôs a organização e a programação de diversas edições do Acampamento de Cultura Afro da Região Sul, realizado em São Lourenço do Sul/RS. Foi Produtor Executivo no TEIA RS Encontro da Diversidade Cultural Gaúcha (2012) e foi Secretario Geral da Associação das Escolas de Samba de Santa Maria, sendo também  vice-presidente da Escola de Samba Arco Iris.  

Nei também foi homenageado com o troféu Umbanda Nova Era, da Liga Espiritualista de Umbanda e Cultos Afro-Brasileiros (LEUCAB) e, em 2015, foi homenageado por sua própria comunidade Ilê Axé Ossanha Agué, durante a Feijoada de Ogum, ao lado de Mãe Dejanira de Ogum. 

Por volta de 1984, Nei D’Ogum filiou-se no Partido dos Trabalhadores (PT), pelo qual concorreu a Vereador de Santa Maria, no pleito de 2016, com o número 13777, escolhido em referência à sua religiosidade. Nei sonhava representar os setores excluídos da sociedade e dos espaços de representação política. Queria tornar-se o primeiro “afro-gay periférico” Vereador da Câmara de Santa Maria, construindo projetos em defesa de seus iguais. Foram dias de intenso trabalho em uma campanha de poucos recursos, articulada, sobretudo, por sua Comunidade de Terreiro, sua família e seus companheiros de movimentos sociais. Nei acabou não se elegendo, contudo foi o 27º candidato mais votado na cidade, de 214 concorrentes, obtendo 1.487 votos e tornando-se o 6º candidato mais votado do Partido dos Trabalhadores naquele pleito, chegando à suplência do PT.

MORTE, MEMÓRIA E LEGADO

No final de 2016 e o início de 2017, Nei começou a apresentar graves problemas de saúde, tendo sido internado algumas vezes e diagnosticado com tuberculose pulmonar. Foi quando outro golpe lhe acometeu, a mãe Eny, com quem mantinha uma forte relação, havia sido também hospitalizada, falecendo em 12 de junho de 2017. 

Após a morte da mãe, seu quadro de saúde agravou-se. Amigos e familiares mais próximos iniciaram então uma rede de apoio para que Nei pudesse ter acesso a tratamento. O que acabou não acontecendo. Na fase mais crítica de seu quadro médico, Nei não teve acesso a um tratamento digno, sendo, mais uma vez, vítima do racismo institucional associado à LGBTfobia e ao ódio de classe, entranhados na sociedade brasileira. Depois de passar dias internado em uma unidade de pronto atendimento, seus familiares e amigos conseguiram sua transferência para o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Mas era tarde, Nei D’Ogum veio a falecer em 23 de agosto de 2017. 

A perda de Nei afetou Ricardo de uma maneira muito profunda. Mesmo assim, em meio a muitas dificuldades, conseguiu se formar Bacharel em Artes Visuais na Universidade Federal de Santa Maria, obtendo o diploma que Nei tanto sonhava. Porém, nem mesmo tal conquista, foi capaz de fazê-lo reconstruir a vida. Ricardo faleceu em 19 de julho de 2020, quase três anos depois da morte do grande amor de sua vida.

Filho do orixá guerreiro, Nei lutou até o fim de seus dias. Após seu falecimento, diversos grupos passaram a dedicar sua atuação em prol da continuidade de seus projetos, com o compromisso de fazer circular seus ensinamentos.  

Inúmeras homenagens a Nei foram organizadas desde a sua partida.  Em 2017, o Grupo de Estudos Sobre Pós-Abolição da Universidade Federal de Santa Maria (GEPA) dedicou a camiseta do grupo a Nei D’Ogum. A estampa da camiseta traz uma arte com seu rosto e uma de suas célebres reflexões sobre o que significa felicidade, diálogo que encerra o documentário Pobre Preto Puto (2016).

“Felicidade é ver o sol, a lua e poder comer três vezes por dia”. - Nei D’Ogum, em Pobre Preto Puto, 2016.

Foto do lado esquerdo, da esquerda para a direita: Marta Nunes e Carmem Lucia Coelho Chaves (Baiana), no 1º Nei Day, em 2017, na Praça dos Bombeiros, seguram camiseta do GEPA, em homenagem a Nei D’Ogum. Fonte: Foto de Luciele Oliveira. Foto do lado direito, da esquerda para a direita: Baiana, Rosangela Silva Flores, irmã de Nei, Marta Nunes e Isadora Bispo no 2º Nei Day, em 2018, na Praça dos Bombeiros.

Em 2017, a Associação Ará Dudu passou a realizar o Nei Day, evento realizado no dia do aniversário de Nei, em 15 de novembro, que visa relembrar sua trajetória, contar sua história e promover atividades culturais e artísticas gratuitas, em espaço público, junto da programação da Semana da Consciência Negra.

Algumas edições da Batalha dos Bombeiros, tradicional evento do CO-RAP foram em alusão a Nei D’Ogum. A primeira edição após sua morte teve como premiação uma de suas camisetas, doadas por Ricardo.  

O Documentário Pobre Preto Puto (2016) tornou parte importante da trajetória de Nei eternizada através do cinema. O documentário ganhou projeção nacional e internacional, angariando uma série de prêmios e exibições em festivais, sendo exibido em rede nacional, pelo Canal Brasil e exibido nas capitais de todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Diversos eventos de exibição do Documentário ocorreram também em sua homenagem. Em 27 de outubro de 2017, o Teatro Universitário Independente (TUI), que receberia Nei no palco do Espaço Cultural Victorio Faccin, promoveu a exibição do filme e uma roda de conversa com amigos de Nei D’Ogum.

Nei D’Ogum no documentário Pobre Preto Puto (2016). Fonte: Disponível na Página PPP no Facebook.

Na 3ª edição da Parada LGBT Alternativa, realizada em 19 de novembro de 2017, Nei, que havia falecido em agosto, foi homenageado com uma mostra fotográfica de seu acervo e de Ricardo. 

Em 2017, o VIII Ciclo de Estudos sobre História e Cultura Africana, Afro-brasileira e Indígena do CTISM dedicou sua edição a Nei D’Ogum, que teria inspirado o tema daquele ciclo, sobre reinos africanos. O evento exibiu Pobre Preto Puto (2016) e contou com um plebiscito dos estudantes do Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, que se manifestaram favoráveis à nomeação do espaço de convivência da escola como Nei D’Ogum, o que lhes foi negado pelas instâncias maiores da escola. O projeto do Ciclo, entretanto, recebeu um Prêmio Nacional, Criativos da Escola, vinculado ao Design for Change e, através deste, puderam levar a história de Nei à premiação.

Carmem Lucia Coelho Chaves, Baiana e Ricardo na Muamba, em 2019. Fonte: Foto de Dartanhan Baldez Figueiredo.

Em 2018, a Associação Ará Dudu promoveu a exposição Negras e Negros na Cultura, na Ciência e nos Movimentos Sociais, que reúne fotografias feitas por Dartanhan Baldez Figueiredo. Na exposição, inaugurada em 21 de março de 2018, há uma parte dedicada a Nei D’Ogum, com registros seus em diversas atividades. Neste mesmo ano, em 26 de março, foi aprovado na Câmara de Vereadores de Santa Maria o Projeto de Lei nº 8659/2018, da vereadora Celita da Silva (PT), que denomina de Nei D’Ogum a Rua 2 do Loteamento Residencial Montebello IV, no Bairro Tancredo Neves, em Santa Maria.

Em 2019, a última edição da Muamba Contra o Racismo, o Machismo, a LGBTfobia e a Intolerância Religiosa foi contemplada com o Prêmio Nacional Culturas Populares 2018 – Edição Selma do Coco, do Ministério da Cultura, Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural. Com o tema Guerreiras e Guerreiros da Rua, a Muamba homenageou Nei D’Ogum que, pela primeira vez, não estaria comandando a festa. O evento trazia a imagem de Nei em todos os seus materiais e suas falas foram mixadas e transmitidas durante toda a festa de rua, que contou com a presença de seu companheiro Ricardo.

Na Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana consta que o orixá Ogum, com sua espada, “abre os caminhos do desconhecido, concorrendo para o bem-estar da comunidade e o avanço da humanidade” (LOPES, 2004). Vilnes Gonçalves Flores Junior, Nei D’Ogum representou, como seu orixá, a abertura de caminhos para um mundo mais justo e segue vivo de outras formas. Nei Vive.

CAMINHOS

Alguns dos caminhos percorridos por Nei D’Ogum estão grifados neste texto, que acompanha mapa interativo, em construção.


BIBILIOGRAFIA

AVILA, Tania. A cultura afro brasileira nos livros paradidáticos em escolas de Santa Maria – RS. Monografia (Graduação em Comunicação Social – Produção Editorial). Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2015. 

BOTEGA, Leonardo da Rocha. Ocupação da Fazenda Santa Marta em Santa Maria - RS (1991-1993). Monografia (Especialização em História do Brasil). Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2004. 

BOTEGA, Leonardo da Rocha. Ocupação da Fazenda Santa Marta em Santa Maria - RS (1991-1993). In: Revista Sociais e Humanas, v. 19, n.1, 2006. 

BERNAVA, Carla. Interseccionalidade nas imagens de Pobre Preto Puto. In: Século XXI Revista de Ciências Sociais, v.9, n.1, 2019. 

DEBORTOLI, Victoria Paim Debortoli. “Pobre Preto Puto”: O documentário como forma de denúncia e resistência. Monografia (Graduação em Jornalismo). Universidade Franciscana. Santa Maria, 2018. 

ESCOBAR, Giane Vargas. Clubes sociais negros: lugares de memória, resistência negra, patrimônio e potencial. Dissertação (Mestrado em Patrimônio Cultural). Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2010. 

GONZALEZ, Lélia. Primavera para as rosas negras: Lélia Gonzalez em primeira pessoa. São Paulo: Diáspora Africana, 2018. 

GRIGIO, Ênio. “No alvoroço da festa, não havia corrente de ferro que os prendesse, nem chibata que intimidasse”: a comunidade negra e sua Irmandade do Rosário (Santa Maria, 1873-1942). Tese (Doutorado em História). Universidade do Vale do Rio dos Sinos. São Leopoldo, 2016. 

GRIGIO, Ênio; BRUNHAUSER, Felipe Farret; OLIVEIRA, Franciele Rocha de; RODRIGUES, Luiz; LIMA, Taiane (Orgs.). Organizações Negras de Santa Maria: primeiras associações negras dos 121 séculos XIX e XX. Santa Maria: GEPA UFSM, 2020.  

LOPES, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo: Selo Negro, 2004. 

OLIVEIRA, Franciele Rocha de. Moreno rei dos astros a brilhar, querida União Familiar: trajetória e memórias do clube negro fundado em Santa Maria, no Pós-Abolição. Santa Maria: Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria, 2016. 

SANTOS, Marcelo de Franceschi dos. Pessoas de Santa Maria. Santa Maria: Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria, 2017. 

SILVEIRA, Pedro Sergio da. O Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) e a luta pela reforma urbana na Nova Santa Marta, em Santa Maria, RS. Monografia (Graduação em História). Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2014. 

SOBROZA, Cristiano. Do quilombo à Serra: migração, identidade e alteridade no RS. Santa Maria: Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria, 2015. 

TÓLIO, Raiane; POMMER, Roselene Gomes; ROSAURO, Zípora (Orgs.). VIII Ciclo de Estudos sobre História e Culturas Afro-brasileiras. Caderno de resumos de trabalhos. Santa Maria: UFSM, Colégio Técnico Industrial de Santa Maria, 2017. 

 

FONTES

Fontes documentais

Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul (APERS). Processo número 389. Acondicionador 96. Data de abrangência: 28/02/1978 - 17/01/1981. Fotografado por Helen da Silva Silveira.  

Livro de registro civil de óbitos do cartório do 4º distrito de Santa Maria da Boca do Monte, Livro Nº 7C (1936 - 1956). Registro de óbito nº 330, p. 54v-55, de Leonor da Silva, falecida em 29 de setembro de 1940, em Santa Maria, 4º distrito. 

Projeto de Lei nº 8659/2018. Disponível em: https://www.camara-sm.rs.gov.br/camara/tramitacoes/6/3640. Último acesso em 16/2/2021. 

Portaria 02, do Museu Treze de Maio, de 22 de agosto de 2013.

 

Entrevistas, matérias e reportagens em texto online

Pessoas de Santa Maria. Entrevista com Nei D’Ogum, realizada por Marcelo De Franceschi, publicada em 5/6/2015. Disponível em: https://www.facebook.com/pessoasdesantamaria/photos/a.182888221852315/590083097799490/. Último acesso em 6/2/2021. 

“ESSE GURI ORELHUDO E NARIZUDO SÓ PODE SER DE OGUM”. Revista O Viés, 22/7/2014. Disponível em: https://www.revistaovies.com/2014/07/22/esse-guri-orelhudo-e-narizudo-so-pode-ser-de-ogum/. Último acesso em 6/2/2021.  

"DEIXA O PRETO ESTUDAR". Revista O Viés, 17/8/2012. Disponível em: https://www.revistaovies.com/2012/08/17/deixa-o-preto-estudar/. Último acesso em 13/2/2021. 

“UMA AULA SOBRE AS COTAS”. Revista O Viés, 8/9/2012. Disponível em: https://www.revistaovies.com/2012/09/08/uma-aula-sobre-as-cotas/. Último acesso em 13/2/2021. 

“MARCHA CONTRA O GENOCÍDIO: PELA VIDA DOS JOVENS NEGROS”. Revista O Viés, 25/11/2014. Disponível em: https://www.revistaovies.com/2014/11/25/marcha-contra-o-genocidio-pela-vida-dos-jovens-negros/. Último acesso em 16/2/2021. 

“QUEM DESCE A RIO BRANCO EM MUAMBA, JAMAIS ESQUECE O PASSO DO SAMBA”. Revista O Viés, 25/3/2015. Disponível em:https://www.revistaovies.com/2015/03/25/quem-desce-a-rio-branco/. Último acesso em 17/2/2021.  

“PERIFERIA TEM AXÉ, TEM FORÇA E TEM TALENTO”. Revista O Viés, 11/11/2015. Disponível em: https://www.revistaovies.com/2015/11/11/periferia-tem-axe-tem-forca-e-tem-talento/. Último acesso em 16/2/2021. 

“ENTRE A AUSÊNCIA E A VIOLÊNCIA”. Revista O Viés, 18/2/2015. Disponível em: https://www.revistaovies.com/2015/02/18/entre-a-ausencia-e-a-violencia/. Último acesso em 15/2/2021.  

“OS 110 ANOS DO MUSEU TREZE DE MAIO”. Revista O Viés, 5/5/2013. Disponível em: https://www.revistaovies.com/2013/05/05/os-110-do-museu-treze-de-maio/. Último acesso em 15/2/2021. 

“AQUECENDO A BATERIA PRA MUAMBA”. Revista O Viés, 23/2/2015. Disponível em: https://www.revistaovies.com/2015/02/23/aquecendo-a-bateria-pra-muamba/. Último acesso em 15/2/2021.  

“A DOCE FAVELA DE NEI D'OGUM”. Entrevista de Nei D’Ogum para Ana Luiza Vedovato, 27/12/2014. Disponível em: https://issuu.com/anavedovato/docs/entrevista_nei_d_ogum.  Último acesso em 17/2/2021. 

“HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA”. Criativos da Escola, 27/3/2018. Disponível em: https://criativosdaescola.com.br/historia-e-cultura-afro-brasileira/. Último acesso em 16/2/2021. 

“REDE ESTADUAL DE NÚCLEOS DE ILÊS AFRO AIDS CHEGA EM SANTA MARIA”. Correio Nagô, 30/5/2012. Disponível em: http://correionago.ning.com/profiles/blogs/rede-estadual-de-n-cleos-de-il-s-afro-aids-chega-em-santa-maria. Ultimo acesso em 15/2/2021.

 

Entrevistas, matérias e reportagens em vídeo 

Série 4P. SOBRE VIDA. Entrevista com Nei D’Ogum, realizada por Franciele Oliveira, publicada em 29/9/2016, Disponível em: https://www.facebook.com/282618495434751/videos/313582415671692. Último acesso em 6/2/2021. 

Série 4P. RELACIONAMENTO. Entrevista com Nei D’Ogum, realizada por Franciele Oliveira, publicada em 28/9/2016. Disponível em: https://www.facebook.com/282618495434751/videos/313589129004354. Último acesso em 11/2/2021.  

Série 4P. TRABALHO. Entrevista com Nei D’Ogum, realizada por Franciele Oliveira,

publicada em 28/9/2016. Disponível em: https://www.facebook.com/282618495434751/videos/31334598902866. Último acesso em 16/2/2021. 

Série 4P. MOVIMENTO NEGRO. Entrevista com Nei D’Ogum, realizada por Franciele Oliveira, publicada em 30/9/2016. Disponível em: https://www.facebook.com/282618495434751/videos/31382715898055. Último acesso em 4/2/2021. 

Série 4P. LGBTTs. Entrevista com Nei D’Ogum, realizada por Franciele Oliveira, publicada em 29/9/2016. Disponível em: https://www.facebook.com/watch/?v=31361686566824. Último acesso em 11/2/2021. 

QUEBRANDO A PAUTA. Tv Campus UFSM. Entrevista com Nei D’Ogum e Carolina Bonoto, realizada por Mateus de Albuquerque, 16/7/2015. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Xg5oy-PMY4A&ab_channel=TVCampusUFSM. Último acesso em 18/2/2021. 

MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA. Entrevista com Nei D’Ogum, realizada por Vicente Paulo Bisogno, no programa Controle Geral da TV Santa Maria, 12/11/2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=OD5F1jFnBRk&ab_channel=SMAgora. Último acesso em 11/2/2021.

 

Vídeos e documentários 

Pobre Preto Puto (2016). Direção: Diego Tafarel. Empresa Produtora: Pé de Coelho Filmes. Disponível em: https://vimeo.com/16928947. Último acesso em 18/2/2021. 

Dona Lila: Uma senhora de Oxum (2015). Direção: Kamyla Claudino Belli e Diego Tafarel. Produção: Pé de Coelho Filmes, Marta Nunes e Nei D’Ogum. 

Juventudes Negras Periféricas (2012). Realização: Práxis Coletivo de Educação Popular. Autoria do Projeto: Cícero Santiago de Oliveira.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=XYq2-63p_xg. Último acesso em 18/2/2021.

 

Jornais 

Jornal A Razão, Santa Maria, Ano 70, nº 214, quarta-feira, 16/06/2004. Acervo particular de Vilnes Gonçalves Flores Junior (Nei D’Ogum) e Ricardo Pereira de Souza (Babalosain de Agué). 

Jornal A Razão, 14 de maio de 2005.  

Jornal A Razão, Santa Maria, sábado/domingo, 3 e 4/07/2004, p.13. Acervo particular de Vilnes Gonçalves Flores Junior (Nei D’Ogum) e Ricardo Pereira de Souza (Babalosain de Agué). 

Jornal A Razão, Santa Maria, sábado e domingo, 31 de julho e 1º de agosto de 2010, p.15. Acervo particular de Vilnes Gonçalves Flores Junior (Nei D’Ogum) e Ricardo Pereira de Souza (Babalosain de Agué). 

Jornal Diário de Santa Maria, Santa Maria, sábado e domingo, 3 e 4/04/2004. Acervo particular de Vilnes Gonçalves Flores Junior (Nei D’Ogum) e Ricardo Pereira de Souza (Babalosain de Agué). 

Jornal Diário de Santa Maria, Santa Maria, 14/06/2004. Acervo particular de Vilnes Gonçalves Flores Junior (Nei D’Ogum) e Ricardo Pereira de Souza (Babalosain de Agué). 

Jornal Diário de Santa Maria, Santa Maria, sábado e domingo, 11 e 12/01/2003, Ano 1, nº 176. Acervo particular de Vilnes Gonçalves Flores Junior (Nei D’Ogum) e Ricardo Pereira de Souza (Babalosain de Agué). 

Jornal Diário de Santa Maria. Santa Maria, quinta-feira,12/05/2011. Acervo particular de Vilnes Gonçalves Flores Junior (Nei D’Ogum) e Ricardo Pereira de Souza (Babalosain de Agué). 

“SER NEGRO É NASCER LUTANDO”. Jornal Diário de Santa Maria. Santa Maria. Disponível em: <https://diariodesantamaria.atavist.com/ser-negro-e-nascer-lutando>. Último acesso em 18/2/2021.

 

Acervos particulares  

Acervo particular de Eny Silva Flores, fotos reproduzidas por Franciele Oliveira, autorizadas por Eny e Nei D’Ogum ao documentário Dona Lila: Uma Senhora de Oxum (2015). 

Acervo particular de Vilnes Gonçalves Flores Junior (Nei D’Ogum) e Ricardo Pereira de Souza (Babalosain de Agué), fotos publicadas no modo público em suas redes sociais e fotos e documentos autorizados por Nei D’Ogum ao documentário Pobre Preto Puto (2016) e a exposição do Coletivo Voe.

Casa de Maurília, onde Nei nasceu, situada na Rua Appel, hoje demolida. Fonte: Acervo de Eny Silva Flores (falecida), reprodução da foto por Franciele Oliveira autorizada por Eny e Nei D’Ogum ao documentário Dona Lila: Uma Senhora de Oxum (2015).

Carteira de associação do clube União Familiar da mãe de Nei D’Ogum. Fonte: Acervo particular de Eny Silva Flores. Franciele Oliveira (2016, p.52).

Nei D'Ogum, aos 2 anos de idade, com o Pai Chiquinho de Ogum. Fonte: Foto publicada no perfil de Ricardo, Babalossain de Agué, no Facebook, em 1 de dezembro de 2013.

Local onde Nei e Ricardo moraram e foram vítimas de violência. Fonte: Autoria desconhecida, imagem apresentada em Pobre Preto Puto (2016). Acervo particular de Nei D’Ogum cedido ao documentário.

Nei D’Ogum, ao fundo de bermuda amarela e boné, no Loteamento Cipriano da Rocha. Assembleia de Fundação da Associação de Moradores, em 12/1/2009. Fonte: Álbum Algumas imagens da fundação da Associação, publicado em 4/11/2012, na página Loteamento Cipriano da Rocha, do Facebook.

Nei D’Ogum e Ricardo Pereira de Souza, Babalossain de Agué. Fonte: Acervo particular de Nei D’Ogum e Ricardo Pereira de Souza, foto publicada em suas redes sociais e autorizado por Nei D’Ogum ao documentário Pobre Preto Puto (2016) e a exposição do Coletivo Voe.

Nei D’Ogum, de blusa amarela e boné azul ao fundo, à direita, junto de outros membros do Movimento Negro no início do Museu Treze de Maio. Fonte: Arquivo particular de Nei D’Ogum. Autoria desconhecida.

Nei D’Ogum interpretando o orixá Ogum, junto de Letícia Prates, que interpreta Iansã e Gabriela Silva, no Camafeu do Museu Treze de Maio, no palco do Theatro Treze de Maio, 2013. Fonte: Acervo particular de Nei D’Ogum. Autoria desconhecida.

Exposição Fotográfica Oduduá Yás e Ekedis Negras de Santa Maria. Mãe Dejanira de Ogum e Mãe Eliane de Oyá, Madrinha e Mãe de Santo de Nei D’Ogum. Fonte: Exposição Fotográfica Oduduá Yás e Ekedis Negras de Santa Maria.

Nei D’Ogum discursa após manifestação do Exército Anti-cotas, na Praça Saldanha Marinho, 2012. Fonte: Foto de Liana Coll. Revista O Viés. 17/8/2012.

Da esquerda para a direita: Ricardo, Babalossaim de Agué, Nei D’Ogum e liderança religiosa na 1ª Conferência Estadual dos Povos de Terreiro, em 2014, em Porto Alegre. Fonte: Acervo particular de Nei D’Ogum.

Coletivo Ara Dudu em uma de suas primeiras reuniões, 01/05/2015. Da esquerda para a direita, em pé: Luana Prates, Letícia Prates, Rozan Borges, Manoel Luthiery, Izabella Gutierres, Flávia Nascimento, Alexon Messias da Rocha. Sentados: Nei D’Ogum, Marta Nunes e Laís Prates. Fonte: Foto de Franciele Oliveira.

Nei D’Ogum, na 2ª Muamba, em 2016. Fonte: Foto de Luciele Oliveira.

Foto publicada por Nei D’Ogum, em homenagem as amigas trans que passaram por sua vida, entre elas Naomy Lima, Royce Campos, Arielly, Carol Ashey e Marcia Santhws. De branco, no centro da foto, está Ricardo e no canto direito está Nei. Foto de 29 de janeiro de 1998, no clube Santamariense. Fonte: Autoria desconhecida. Foto publicada no perfil pessoal de Nei D’Ogum, no Facebook.

ONG Life Grupo pela Livre Expressão Sexual, trabalho de prevenção as DSTs AIDS, em Santa Maria. No centro da imagem, à esquerda está Ricardo e Nei. Fonte: Autoria desconhecida. Acervo particular de Nei D’Ogum e Ricardo, publicada no Facebook, em 22/6/2012.

Da esquerda para a direita: Nei D’Ogum, Mestre Militar, Luiz Antônio Loreto e Gabriela Silva (Gabit Box), no 1º Prêmio Diversidade RS, Porto Alegre, em 2014. Fonte: Arquivo particular de Nei D’Ogum. Autoria desconhecida.

Nei D’Ogum recebendo a Medalha Zumbi dos Palmares, em Porto Alegre, em 2016. Fonte: Foto publicada no perfil pessoal do Facebook do Deputado Estadual Luiz Fernando Mainardi, em 16/11/2016.

Nei D’Ogum no documentário Pobre Preto Puto (2016). Fonte: Disponível na Página PPP no Facebook.

Carmem Lucia Coelho Chaves, Baiana e Ricardo na Muamba, em 2019. Fonte: Foto de Dartanhan Baldez Figueiredo.